“Cresci no meio de livros, fazendo amigos invisíveis em páginas que se desfaziam em pó cujo cheiro ainda conservo nas mãos.”
CARLOS RUIZ ZAFÓN
Pesquisar este blog
EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS
Me diz aí? Quando foi a última vez que você teve a oportunidade de parar e celebrar a beleza das estrelas?
Pois eu digo que, quando eu era criança, havia em mim uma admiração enorme por essa magnífica obra... Eu me sentia tão pequenina diante daquele vasto céu... Mas, ainda assim, tão importante, tão próxima de Deus... "Menina, não aponta o dedo para as estrelas! Vai dar verruga no dedo!". Eu nunca entendi direito essa relação das verrugas com as estrelas... Como algo tão belo poderia nos ocasionar uma coisa horrorosa? Bem... Eu não quis pagar pra ver. Se minha mãe falou, está falado. Assim... Fui diminuindo a minha contemplação à elas. A fase adulta chegou e as estrelas se tornaram apenas um manto negro, brilhante sobre minha cabeça. Não precisava olhar para o céu, pois eu sabia que elas estavam lá... No máximo, se tornaram uma desculpa para quando algo que eu queria não dava certo, ou para o meu modo "pisciana" de ser... Até que um dia, percorrendo os "corredores" literários da Amazon, encontrei este livro aqui:
E, por alguma razão, a cabeça da minha criança interior explodiu... Assim que olhei para a capa, algo nela me pedia para comprar o livro... Era como se a história me prometesse algo...
O livro "Em algum lugar nas estrelas", de Clare Vanderpool é aquele tipo de obra que você compra literalmente por causa do acabamento perfeito realizado pela editora Darkside, e suas capas duras. Eu fiquei apaixonada pelo designer da capa, sem contar a poética presente no título.
A sinopse muito pouco diz sobre o livro. Na verdade, no livro em si, não há sinopse. Conta-se apenas com a descrição feita no site. Logo, é uma aposta! Eu quis apostar e não me arrependo.
Embora o livro contenha 284 páginas, portanto, um pouco curto para alguns leitores, a história que ele traz é tão intensa... Tão profunda... Que não nos deixa ler rapidamente... É aquele tipo de livro feito para degustar... Pensar... Refletir... E, por que não, suspirar...?
Contado pela perspectiva de Jack, "Em algum lugar nas estrelas" vai nos apresentar o dia a dia desse garotinho que, ao ficar órfão de mãe, foi enviado pelo seu pai para um colégio interno só para meninos. Lá, Jack encontrará um menino, Early Auden, com características um tanto peculiares... Conforme a leitura se passa, o leitor consegue, claramente, perceber que Early Auden é um garoto autista, apesar de essa palavra jamais ter sido mencionada no livro. Devido ao seu jeitinho "diferente" se ser, Early passava a maior parte do tempo sozinho, pois era considerado um maluco que não dizia A com B. OuviaLouis Armstrong às segundas; Sinatra às quartas; Glenn Miller às sextas; Mozart aos domingos e Billie Holiday sempre quando chovia. Além de ser fascinado pelas estrelas e pelo número PI. Acreditava "PI"amente que o famoso número não era apenas uma sequência de algarismos, mas também, uma pessoa... E, assim como qualquer outra, PI também tinha histórias para contar.
O enredo se passa em 1945, fim da segunda guerra mundial, na cidade de Maine. Early não tem parentes... Em princípio, seu único familiar mais próximo era o seu irmão Fisher, que acabou morrendo na guerra. Tanto a perda de Jack, de sua mãe, quanto a de Early, será crucial para a união amigável desses dois garotos, que resolvem simplesmente sair de barco, para uma floresta desconhecida atrás de uma grande aventura. Ok, não foi exatamente atrás de uma grande aventura... A ideia partira de Early, e Jack foi de penetra. Mesmo assim, Jack não deixou de viver uma aventura, quando decidiu que sairia para um lugar estranho, com um menino igualmente "estranho" (em 1945 ainda não se falava em "autismo", portanto as pessoas que apresentavam o espectro, eram consideradas como "esquisitas, estranhas, doidas..."), para encontrar o PI! E é a partir desse momento que meu coração começou a se aquecer página por página...
Cada capítulo é representado por uma determinada constelação que condiz com a história. Sem mencionar que em alguns momentos a narrativa apresenta o efeito flashback, no qual a história de vida e as aventuras de PI vão sendo contadas, de acordo com as lembranças de Early. É muito interessante a forma como essas histórias se fundem com a própria vida dos meninos... Eu cheguei a acreditar que, no final do livro, um dos dois se revelaria como sendo o PI. Vocês percebem isso? Eu cheguei a acreditar que o PI era "real"! Tipo... Uma pessoa! De tão persuasiva e convicta que as palavras de Early eram!
Os diálogos dos meninos são muito bem construídos. Por vezes metafóricos, filosofais. Apresentam referências literárias e musicais. Durante a semana em que Jack passou perdido na floresta com seu amigo, podemos acompanhar o crescimento dele e sua percepção sobre a vida, o luto, a família... A amizade... Esperança... Perdão...
O cenário é riquíssimo, volta e meia ele nos apresenta personagens novos, também bastante peculiares, como: piratas, baleia branca, eremita , idosa caduca, e até esqueleto! Acreditem ou não. Cada personagem é importante para a construção da narrativa, e as decisões que os meninos precisam tomar ao longo do tempo. Todos eles têm algo para ensinar aos dois, ou melhor, ao Jack.
Como já deu para perceber, no livro consta uma narrativa infantil, mas não é específico para crianças, embora, provavelmente, elas possam o ler. A faixa etária estaria entre os 10 ou 12 anos, já que apresenta personagens alegóricos que condizem mais com essa idade, e traz essa temática de crescer dentro de um universo cheio de adultos fechados no seu próprio mundo, sem tempo, atirados em seus próprios vazios.
O livro é lindo. A história é linda. Os dois meninos são maravilhosos! Early ficou no meu coração... De um jeito leve, a autora conseguiu (intencionalmente ou não) nos introduzir ao mundo autista, e nos fazer enxergar o mundo, pelo menos um pouco, da mesma forma que os autistas enxergam. Porque a gente torce para que Early esteja certo sobre o número PI! E sobre todas as outras revelações que ele faz ao longo do livro.
A história é muito bem amarrada e tudo acontece dentro do seu tempo, sem deixar lacunas. O final, apesar de já ser esperado, ele não deixa de ser perfeito... Poético... Em relação ao título da obra e a história que ela aborda, cabe a cada leitor fazer a sua própria interpretação.
Recomendo demais a leitura desse livro! Seja para quem está iniciando na leitura. Seja para quem está passando por uma ressaca literária... Crianças, adolescentes, adultos... Tanto faz! Ele tem um pouquinho dos três, para todos nós!
Ouça algumas das músicas que tanto inspiravam Early Auden em "Em algum lugar nas estrelas"
Após três semanas lendo histórias de muito amor, muito romance, muito mel... Eu sentia que necessitava de uma leitura que pudesse trazer - me de volta ao chão. Afinal, a vida não é um conto de fadas... Não é mesmo? Portanto, o livro escolhido para essa grande missão foi "Flores para Algernon" . Confesso que, na primeira vez em que li esse título, eu pensei que se tratava de um romance homoafetivo... (tudo bem... podem rir da minha ignorância... 😒), pois eu jamais havia ouvido falar em Daniel Keyes antes de começar a assistir alguns vídeos no Youtube. Qual foi o tamanho da minha surpresa, quando descobri que esse belo livro aborda ficção científica! Se eu já estava interessada antes, imagina depois de tudo o que descobri sobre ele! Pois é... Agora eu estou aqui, ansiosíssima, para contar para vocês! 😄 Sem mais delongas, "Flores para Algernon" é aquele tipo de livro que foi feito para ser lido devagar, não por ...
Li, recentemente, “A linguagem do amor”, de Lola Salgado e me apaixonei pela escrita dessa autora. Logo, não sei se vocês são assim, mas, quando eu me encanto por algum autor, sinto a necessidade de ler tudo o que esse autor(a) escreve. No caso de Lola Salgado, portanto, não foi diferente. Após terminar a Linguagem do amor, mergulhei de cabeça no livro “Minha vida (não) é uma comédia romântica” , e, agora estou aqui para dar o meu feedback sobre ele. “Minha vida (não) é uma comédia romântica” é, também, um ebook bem curtinho com, no máximo, 434 páginas. Porém, ao contrário do primeiro livro dela que li, senti que a minha leitura deste foi um pouco mais arrastada. Ele não me prendeu logo de início. Mas isso não quer dizer que achei-o um livro ruim. Nada disso. O livro narra em primeira pessoa a história de Chloe Tavares, uma garota de 25 anos, negra, que ainda não descobriu o seu lugar no mundo. Ela já havia tentado alguns cursos em faculdade, mas acabou desistindo del...
💓💓💓 Olá, leitores! Tudo bem com vocês? Estamos iniciando 2021, então hoje vim até aqui para contar um pouco sobre as minhas primeiras leituras realizadas nessas três semaninhas de janeiro. Espero que gostem da leitura! Abraço s! 💓💓💓 Os livros que escolhi para fazer a abertura do ano compõem a série intitulada como “As irmãs Shakespeare” , de Carrie Elks , editora Verus . Por incrível que pareça, esses livros já estavam na minha estante há algum tempo, mas nunca sobrava uma brecha para eles (coitados...). Um mal que todos os livros de um leitor compulsivo sofre, né, gente...? Fazer o quê?! A fila é grande... Mas ela anda. Graças a Deus! Rsrs... Já que em 2020 eu não dei conta da minha meta de leitura, na qual eles estavam inclusos, prometi a mim mesma que este ano de 2021 eles seriam os primeiros a serem escolhidos, logo...
Comentários
Postar um comentário